“Ser sábia e ao mesmo tempo estar sempre à procura de novos conhecimentos, ser cheia de espontaneidade e confiável, ser loucamente criativa e obstinada, ser ousada e precavida, abrigar o tradicional e ser verdadeiramente original.” (A Ciranda das Mulheres Sábias)
O arquétipo da Mulher Selvagem, a Loba, a Velha, Aquela que Sabe, representa a guardiã da alma, ela é o Self da alma. Ela não tem idade. É atemporal. Sem uma linha direta com ela, diz-se que os seres humanos ficam desalmados, ou que sua alma está perdida.
Podemos ter-nos esquecido do seu nome, podemos não atender quando ela chama o nosso, mas na nossa medula nós a conhecemos e sentimos sua falta. Sabemos que ela nos pertence, bem como nós a ela.
A Mulher Selvagem é a saúde para todas as mulheres. Essa mulher não domesticada é o protótipo de mulher... Não importa a cultura, a época, a política, ela é sempre a mesma. Seus ciclos mudam, suas representações simbólicas mudam, mas na sua essência ela não muda. Ela é o que é, e é um ser inteiro.
Ela abre canais através das mulheres. Se elas estiverem reprimidas, ela luta para erguê-las. Se elas forem livres, ela é livre. Felizmente, por mais que seja humilhada, ela sempre volta à posição natural. Por mais que seja proibida, silenciada, podada, enfraquecida, torturada, rotulada de perigosa, louca e de outros depreciativos, ela volta à superfície nas mulheres de tal forma que mesmo a mulher mais tranqüila, mais contida, guarda um canto secreto para a Mulher Selvagem.
Mesmo a mulher mais reprimida tem uma vida secreta com pensamentos e sentimentos ocultos que são exuberantes e selvagens, ou seja, naturais. Mesmo a mulher presa com a máxima segurança reserva um lugar para o seu self selvagem, pois ela intuitivamente sabe que um dia haverá uma saída, uma abertura, uma oportunidade, e ela poderá escapar.
Quando tocamos Aquela que Sabe, a que anima e dá forma à vida mais profunda de uma mulher, isso provoca uma reação nossa, e nos faz delimitar territórios, encontrar nossa matilha, ocupar nosso corpo com segurança e orgulho, independente dos dons e limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inatos às mulheres, adequar-se aos cicclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.
A Mulher Selvagem carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo que a mulher precisa ser e saber. Ela dispõe do remédio para todos os males. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela viceja em visões novas e integridade individual. Ela é tanto o veículo quanto o destino. Ela é totalmente essencial à saúde mental e espiritual da mulher.
Para encontrar a Mulher Selvagem, é necessário que as mulheres se voltem para suas vidas instintivas, sua sabedoria mais profunda. Portanto, vamos nos apressar agora e trazer nossas lembranças de volta ao espírito da Mulher Selvagem. Vamos cantar sua carne de volta aos nossos ossos. Despir quaisquer mantos falsos que tenhamos recebido. Assumir o manto verdadeiro do poder do conhecimento e do instinto. Invadir os terrenos psíquicos que nos pertenceram um dia. Desfraldar as faixas, preparar a cura.
Voltemos agora, mulheres selvagens, a uivar, rir e cantar para Aquela que nos ama tanto. Para nós, a questão é simples. Sem nós, a Mulher Selvagem morre. Sem a Mulher Selvagem, nós morremos. Para a verdadeira vida, ambas têm que existir!
(Mulheres Que Correm Com Os Lobos)
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