O nome parece saído da internet para identificar algum serviço
eletrônico. Longe disso, E-Cons quer dizer Empreendedores da Conservação
e refere-se a um programa da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida
Selvagem e Educação Ambiental), com o apoio do HSBC.
A SPVS é uma das organizações não-governamentais conservacionistas mais atuantes no Brasil, fundada em 1984, em Curitiba.
O programa E-Cons exemplifica essa postura e em seu lançamento nacional
contempla seis Empreendedores da Conservação com investimentos vindos
de uma verba total de R$ 1 milhão.
Nasce um projeto
A ideia do E-Cons nasceu em outubro de 2011. A princípio, ONGs
parceiras, entidades públicas e profissionais autônomos atuantes em
conservação em todo o Brasil indicaram projetos em seus biomas.
A SPVS e o HSBC formaram uma equipe técnica que visitou todos os
indicados entre janeiro e março deste ano. Os seis selecionados são
apoiados à medida que formalizam a sua participação. Isso significa
apresentar um projeto empreendedor, com metas reais a longo prazo,
descrição de ações e orçamento detalhado.
Embora o apoio financeiro soe como um prêmio para os Empreendedores da
Conservação, a meta do programa é mais ambiciosa. A SPVS quer ser o elo
entre empresas interessadas em investir em projetos reais de conservação
e pessoas que desenvolvem esses projetos.
O programa já possui site próprio
para que empreendedores e investidores possam se inscrever. Depois, a
SPVS ingressa no processo, cuida da avaliação técnica e contribui para a
união de ambas as partes.
Por que conservar?
Segundo a SPVS, no Brasil há menos de 7% de áreas originais bem
conservadas da Mata Atlântica. No Cerrado, esse índice chega a 20% e na
Amazônia, bioma melhor conservado, o desmatamento ainda é intenso.
Reduzidas as áreas naturais, perdem-se os serviços ambientais que nelas
ocorrem: controle de pragas e polinização para a agricultura; controle
da erosão do solo; recarga e manutenção de recursos hídricos; essências
para medicamentos etc.
A seguir, os resumos dos E-Cons selecionados. A íntegra dos projetos está no site do programa.
- Gláucia Helena Fernandes Seixas (E-Cons Pantanal) é carioca e
zootecnista, com amplo conhecimento do Pantanal. Em 1997, criou o
projeto dos papagaios-verdadeiros, o qual é realizado na planície
pantaneira e planaltos do entorno, no Mato Grosso do Sul.
- Terezinha Vareschi (E-Cons Mata Atlântica – Urbano) é gaúcha e
formada em Letras. Mora em 36.000 m² de área nativa em Curitiba e
transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal. Em
2011, criou a Apave (Associação dos Protetores de Áreas Verdes).
Incentiva políticas públicas de conservação e práticas de proteção dos
remanescentes naturais.
- Bianca Luiza Reinert (E-Cons Mata Atlântica), bióloga paranaense,
junto com o biólogo e pesquisador Marcos Bornschein, descobriu, entre
Pontal do Sul e Matinhos, no litoral do Paraná, o bicudinho-do-brejo,
ave descrita para a ciência em 1995. Em 2009, ela e outras quatro
pessoas adquiriram uma área para a conservação do pássaro.
- Jean Pierre Santos (E-Cons Cerrado), biólogo mineiro, transformou
moradores da Serra da Canastra de inimigos em aliados na conservação do
lobo-guará e do ambiente onde vive essa espécie ameaçada. O seu trabalho
hoje é replicado em diversas localidades do Cerrado.
- Weber Andrade de Girão e Silva (E-Cons Caatinga), biólogo cearense,
participou da descoberta do soldadinho-do-araripe, ave que só se
reproduz em locais com nascentes de água, quando visitou a Chapada do
Araripe. Esse episódio influenciou a sua trajetória. Ele se mudou para a
região e há 15 anos criou o projeto soldadinho-do-araripe.
- O biólogo Silvio Marchini (E-Cons Amazônia), pós-doutorado pela
Universidade de Oxford, dedica-se à pesquisa e conservação da Amazônia.
Criou o projeto Escola da Amazônia que, desde 2002, vem alterando o
comportamento de crianças e adolescentes da região do Arco do
Desmatamento em prol da conservação da natureza.
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